25 de ago. de 2010

Manifesto de um estudante de Direito

Desde antes, bem antes, de ter a minha primeira aula no 1º ano da faculdade de Direito, eu já ouvia gracinhas e insinuações de amigos sobre a minha nova "condição": estudante de Direito.

"Olha, não vai ficar se achando não, hein"

"Hum, já era, o Weslley nunca mais vai ser o mesmo"

Desde cedo ouvia esse tipo de comentário generalista, que coloca todos os estudantes de Direito dentro de um saco fechado e diz: Veja, eles são um só. Bando de hipócritas que se acham superiores.

Será que é tão difícil assim individualizar as pessoas? Será que o comportamento de um ou outro indivíduo desnorteado merece a rotulação de toda uma coletividade?

Mas, sinceramente, não é isso que me incomoda.

O que me deixa mais "de cara" é a maneira como o a disciplina "Direito" é tratada. Estudantes de Biológicas e principalmente Exatas se gabam veementemente da dificuldade de seus cursos, da complexidade de suas contas intermináveis, da enorme quantidade de DP's e exames a que são submetidos. Para essa massa de sofredores (escravos do saber, que tem por algoz sua calculadora HP ou os mapas anatômicos em suas cartilhas para colorir) estudar Direito é fácil, quase que uma futilidade, pelo simples fato de que "é só ler, nem precisa pensar".


"É só ler, nem precisa pensar" ???

A falsa representação da realidade que eles tem é que me tira a sobriedade. Como assim, nem precisa pensar?


O fato de Direito ser uma matéria de cunho eminentemente teórico não significa que seus acadêmicos e profissionais devam se abster de raciocinar, de entender o que está se passando e de encontrar uma solução adequada para cada caso concreto.


Muito bem, vou tentar começar do início, e espancar esse retrato desgraçado da ciência jurídica.