Às vezes se passa a vida toda tentando ser forte, tentando
ser intocável.
Tentando ser um guia, um modelo.
Tenta-se.
Mas nem sempre tudo sai como o esperado. Ou até sai, casos
em que o esperado não é o que se devia esperar.
O fato é que os momentos de fraquejo e titubeação estão
sempre aí, prontos para entrarem em ação. E você pode ser forte, ser líder, ser
intransponível, mas sempre haverá na sua decisão o livre arbítrio: ceder ou não
àquilo que está à espreita?
Não se pode ser forte o tempo todo. Pensar assim seria uma
grande tolice. Quem é idiota o suficiente para pensar assim? E que é mais
idiota ainda pra pensar que existe alguém que possa/deva se manter sempre
assim?
Às vezes você cansa, você tropeça, você cede. Você cede e
conquista – ou perde – a tão almejada liberdade. E você chega num ponto que não
sabe mais o que é liberdade, talvez porque a tenha em excesso em suas mãos e
não saiba como usá-la. Aqui jaz a ironia de querer ser livre: livre pra quê? O
que vai fazer com a liberdade que você alcançou?
E depois de tudo isso, você para e olha para todo o se
passado, com todos os seus méritos, e para o seu presente. E você vê tudo
embaralhado, você ri, você chora, você ironiza. Você duvida da vida e de tudo
mais. Você esbraveja consigo mesmo por aquilo que você se tornou, e ao mesmo
tempo justifica seus atos com base nas frustrações que te levaram até aí. E de
novo volta a se achar um tonto. E de volta a achar que vai ficar tudo bem. E
mesmo sem saber como será, acredita, num ato transloucado de fé, que tudo vai se
ajustar...