Escolhido por meio de uma lista tríplice apresentada pelo tribunal, Fonseca recorda que já se passaram 20 anos desde que foi impedido de participar de um concurso na magistratura em São Paulo por causa de sua deficiência visual. Nesse período, construiu um extenso currículo. “Não pense que foi fácil", diz o desembargador, acrescentando que o ser humano tem a capacidade "divina de superar limitações e desenvolver métodos próprios para lidar com suas deficiências."
Fonseca le repete sua história sempre com entusiasmo, sem disfarçar o orgulho que sente por tudo que conquistou na vida. Casado e pai de duas filhas, ele conta que está se preparando para desempenhar as novas funções. “Estou montando minha equipe de assessores. Estou sendo muito bem recebido." As páginas de cada processo serão analisadas com o auxílio de assessores, que farão a leitura para que ele possa ouvir e julgar. “Não aprendi braile por ter perdido a visão já na fase adulta.”
Fonseca tem 50 anos e nasceu em São Paulo, aos seis meses de gestação. “Por causa do nascimento prematuro, tive sequelas, como a baixa visão e paralisia cerebral nos membros inferiores. Apesar de tudo, consegui viver uma infância normal, estudei e brinquei muito nas ruas.”
Para se preparar para o vestibular, estudou ouvindo as perguntas gravadas e escrevendo as respostas. Ingressou no curso de direito do Largo São Francisco e quando estava no terceiro ano perdeu o pouco da visão que tinha. Depois, fez mestrado e doutorado. Em 1991, fez concurso para o Ministério Publico, em São Paulo, e obteve o sexto lugar entre 4,5 mil candidatos. No MP, exerceu a função de procurador durante 18 anos."(Agência Brasil)
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