1 de mar. de 2012

Vênus, o céu e eu: paixões de um jovem astrônomo

Há quanto tempo eu não ficava assim, parado de madrugada olhando pras estrelas no céu?

Ontem conversando com um amigo pela internet, perguntei como ele se sentia fazendo 19 anos. Eu disse que os pais deles, apesar da idade, devem considerá-lo com um eterno bebê. Filho único, sabe como é. Mas ele me surpreendeu e disse: "pros meus pais eu sou um 'quase' adulto". Eu repliquei dizendo: acho que já deixei de ser um 'quase'...

Respondendo à minha pergunta: Há muito tempo. Muito tempo que não parava para contemplar as estrelas. Havia me esquecido de como são belas. Belas não, são incríveis! No calor da emoção, me peguei sussurrando: "não há nada, nada mais maravilhoso no mundo do que o céu. É incomparável!"

As lembranças do passado me fizeram viajar. O brilho avermelhado de Marte sobre o pé de jaca (Ah, Marte!!), Sírius ostentando toda sua magnitude, se gabando de ser a estrela mais power de nossa abóbada. Canopus logo ali, batendo aquele escanteio. E as constelações?? Órion, Cão Maior, Cruzeiro do Sul, a fabulosa [e mais bela de todas] Escorpião, e todas as demais que já nem me lembro o nome!!

Isso, nem me lembro. Quase nada restou daquele adolescente 'lunático' e apaixonado por astronomia, que passava horas estudando as construções estelares. É que deixei de ser 'quase', e cresci. Quando crescemos, adquirimos a irritante capacidade de nos preocuparmos. São tantas as preocupações que, até mesmo aquilo que nos fascinava e inspirava nossos sonhos, deixam de ser protagonistas e passam a mero sedimento, num lugar muito escondido, de nossa personalidade. Sim, sedimento! Estão lá, sufocados em algum lugar profundo e obscuro de nosso caráter, esperando, de alguma forma, que a gente se lembre que um dia aquilo foi importante pra gente, que aquilo fazia nosso mundo melhor.

Infelizmente hoje não há tempo pra tudo isso. Aquele pré-adolescente da 5ª série que, pela paixão a uma garota, descobriu em um trabalho dela que a Estrela D'Alva, aquela que brilhava perto na Lua no pôr-do-sol era, na verdade, Vênus (e era o ser mais fabuloso da noite!), já não existe mais. Quer dizer, existe sim. Só que está sufocado, procurando a menor oportunidade pra viver de novo. Quer saber, vou deixá-lo sair por alguns instantes, e reviver o que de mais belo um dia eu já vivi. Talvez seja o que está faltando: a graça da infância misturada aos palpites oníricos da juventude.

Não há nada de mais esplendoroso que o Universo e seus milhares de brilhos múltiplos. Tanta escuridão, tanta luz, tanta história. Deus é fantástico. 

E se Marte já me emocionou, espera só até eu me reencontrar com Vênus... vai ser demais.

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