19 de jan. de 2010

Direitos Humanos são para Humanos Direitos?

"PRESTE ATENÇÃO!
Carta enviada de uma mãe para outra mãe em SP, após noticiário na TV:

DE MÃE PARA MÃE:

Vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a transferência do seu filho, menor infrator, das dependências da FEBEM em São Paulo para outra dependência da FEBEM no interior do Estado.

Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes daquela transferência.

Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação que você, contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, ONGs, etc...
Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender seu protesto.
Quero com ele fazer coro.
Enorme é a distância que me separa do meu filho.
Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo.

Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família...
Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha para mim importante papel de amigo e conselheiro espiritual.
Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma vídeo-locadora, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.
No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo...
Ah! Ia me esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranqüila, viu, que eu estarei pagando de novo, o colchão que seu querido filho queimou lá na última rebelião da Febem.
Nem no cemitério, nem na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante destas "Entidades" que tanto lhe confortam, para me dar uma palavra de conforto, e talvez me indicar "Os meus direitos"!

Se concordar, circule este manifesto!
Talvez a gente consiga acabar com esta inversão
de valores que assola o Brasil.

DIREITOS HUMANOS SÃO PARA HUMANOS DIREITOS"


Recebi este e-mail por estes dias. É muito fácil entender a indignação da mãe e das pessoas que repassam este tipo de material, afinal de contas, como comparar aquele criminoso que matou uma vítima inocente com aquela vida que foi tirada?

Ambos merecem o mesmo tratamento?

IGUALDADE. Um dos princípios basilares do nosso sistema jurídico constitucional. "Todos são iguais perante a lei". Não dá pra passar por cima disso assim, só pra punir de maneira mais rigorosa fulano de tal. Isso não existe, e se existisse, tiraria toda a credibilidade e rigidez do regime jurídico que vivemos.

Você acha isso um absurdo, ainda assim?

Precisamos entender uma coisa: eu, você, sua família, TODOS OS SERES HUMANOS somos iguaizinhos física e mentalmente (claro, exceto pessoas com deficiências que devem ter tratamento especial, conforme o caso). Todos nós somos suscetíveis ao erro.

Sim! Somos suscetíveis! Quem aqui nunca errou? Quem aqui nunca cometeu alguma injustiça, por mais insignificante que ela pareça? E depois, você se arrependeu?

A lei existe justamente pra isso, para corrigir aquelas pessoas cujas condutas infringiram as regras básicas de convivência em sociedade. Se eu ou você viermos a transgredir a lei, também deveremos ser punidos. E isso não quer dizer que, porque erramos, que estamos fadados a sermos eternos delinquentes.

Eu tenho o direito a me arrepender, a pedir perdão, a ser confrontado em meus valores, tudo isso sem deixar de receber a merecida sanção estatal, com com os devidos cuidados para a manutenção de uma existência digna.


Não é correto dizer que "Direitos Humanos são para Humanos Direitos". Isso não existe! Todos somos iguais, suscetíveis ao erro, passíveis de quedas, e todos merecemos uma segunda chance. Ignorar isso seria ignorar a Constituição Federal e todos os Tratados Internacionais de Direitos Humanos que têm tentado colocar nossa civilização nos eixos durante décadas.

Abnegar a isso seria o mesmo que regredirmos à barbárie, onde uns merecem, outros não, e só sobrevive o mais forte e digno.

Pense nisso.

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